Aproveitamento integral dos alimentos

Em um levantamento de 2014, o Banco Mundial estimou que, anualmente, de um terço a um quarto dos alimentos produzidos para o consumo humano é perdido ou desperdiçado. Na América Latina, cerca de 15% dos alimentos disponíveis entram na mesma categoria. Dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) apontam que o consumo humano é o segmento em que há mais desperdício, representando 28% do total. 
Segundo a FAO, a comida desperdiçada no varejo, que representa 17% do total perdido, poderia satisfazer as necessidades alimentícias de mais de 30 milhões de pessoas que vivem na região, o equivalente a 65% dos indivíduos que sofrem fome. Há diversas práticas para diminuir esse desperdício. A mais indicada delas, de acordo com a ONG Banco de Alimentos, é o chamado Aproveitamento Integral dos Alimentos (AIA). 
No Brasil, ocorrem perdas de alimentos desde o plantio até a hora de comer. O desperdício é superior a um terço de tudo o que é produzido e acontece em todas as etapas: cultivo, colheita, transporte, armazenagem, processamento, atacado, varejo e mesmo no preparo final da comida. Só dentro de casa uma grande quantidade de alimentos é desperdiçada por falta de higiene e de conservação adequada e devido aos hábitos alimentares que privilegiam apenas uma parte do alimento.

É importante se informar sobre os cuidados de conservação necessários com os alimentos. Se mal compreendidas as medidas de proteção podem causar mais desperdícios.

Higiene: Todo alimento vendido fresco e a granel deve ser lavado com água tratada. A principal exceção são os ovos porque as bactérias nocivas podem penetrar pela casca molhada. Na hora de comprar peixes e carnes, prefira os estabelecimentos com prateleiras refrigeradas e protegidas, onde as moscas, formigas e outros insetos não têm acesso aos produtos.

Temperatura e umidade: As bactérias e fungos que contribuem para a deterioração dos alimentos proliferam com calor e umidade. Manter os alimentos refrigerados ajuda a diminuir a contaminação por esses agentes biológicos, mas também é importante que eles estejam secos. Após lavar frutas e verduras, deixe escorrer bem a água antes de colocar na geladeira.

Oxidação: Os vegetais continuam a amadurecer/envelhecer mesmo depois de colhidos, simplesmente por estar em contato com o oxigênio do ar. Colocá-los dentro de uma embalagem, retirar o ar e fechar bem, ajuda a retardar esse processo.

Contaminação biológica: Ao guardar frutas à temperatura ambiente, proteja-as com uma tela ou filme plástico e deixe para lavar antes de consumir. Nunca deixe alimentos expostos, prefira guardar em potes, vidros, latas. Você não vê, mas baratas, formigas, moscas, ratos e outros animais podem entrar em contato com os alimentos e transmitir doenças ou acelerar a deterioração.

Contaminação química: Os produtos de limpeza e inseticidas caseiros contêm substâncias prejudiciais à saúde e não devem entrar em contato com os alimentos.

Congelamento e descongelamento: quando as carnes são descongeladas em água quente ou à temperatura ambiente, várias bactérias nocivas proliferam rapidamente e o cozimento não mata todas elas. O ideal é planejar o uso dos alimentos congelados e deixar descongelar na geladeira. Se não for possível, descongele no micro ondas ou em água fria corrente. Os alimentos crus descongelados só podem voltar a ser congelados após o cozimento, caso contrário há risco de contaminação por bactérias. 



Por questões culturais ou gosto pessoal, muitas vezes jogamos fora as partes mais nutritivas dos alimentos. A casca da maçã é o exemplo mais conhecido: a maioria das pessoas tira a casca, mas ali há uma concentração 87% maior de substâncias que previnem o câncer do que as existentes na polpa da maçã.


Com frequência, as cascas contém vitaminas e minerais que não estão presentes na polpa. Isso acontece porque as cascas servem para proteger a polpa contra o ataque de pragas ou contra o mau tempo e, portanto, têm compostos diferentes. A pele de um pepino, por exemplo, contêm a dose diária de silício necessária para produzir o colágeno de que nosso corpo precisa. As cascas das jabuticabas possuem alto teor de antocianinas, antioxidantes importantes na prevenção de danos às células cerebrais, assim como vários outros frutos com cascas vermelho-escuras a pretas. 


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